Nego Fugido
Nascida em um dos dias da primavera de Salvador, precisamente no dia 07 de outubro, tem pela fotografia uma paixão “e que como todas sinto não ser correspondida, pois ainda não encontrei o caminho esperado. Aquele olhar único, cúmplice.”
Quando fotografa curte cada momento que passa configurando a câmera como que se estivesse dizendo o que quer “fazer nos momentos que vou capturar aquela cena que será só minha, do meu jeitinho, do meu olhar, onde ninguém ira me impor os seus jeito, suas regras por isso não gosto sempre de dividir minhas fotos com pessoas que pensam na contra mão da liberdade individual, com pessoas egoístas, mercenárias.”
Suas fotografias são seu grito, sua opinião sobre a vida, sobre a natureza que estamos destruindo e que não terá volta. Talvez até esteja implícito uma denúncia, um aviso: “olhe o que vai perder, ou olhe o que você está fazendo.”
Não gosta de fotos armadas, preparadas acho que perdem o sentido. Gosta de enxergar a fotografia e registrar imediatamente.
Fotografar o Nego fugido* foi pra ela mais ou menos isso, “é ter a oportunidade de mostrar a opressão que os negros e escravos passaram, o sofrimento. É oportunidade de uma denuncia camuflada pelo tempo mas que ainda hoje esta ai do mesmo jeito.”
*Nego Fugido é um teatro de rua popular que ocorre no Acupe distrito de Santo Amaro da purificação, Bahia, localizado a 90 km da capital, Salvador.
É uma encenação nas ruas de Acupe que recria a luta da libertação dos escravos. É uma manifestação que se mantém desde o século XIX, herdado de escravos de origem Nagô.
Os participantes pintam seus rostos com carvão e óleo, usam papel crepom vermelho nos lábios, e como vestimenta saias feitas de folha de bananeira seca. O nego fugido revive perseguição aos quilombos pelos capitães do mato e exército, com dramatização da fuga, caça, captura e libertação dos escravos. A dramatização é finalizada com a prisão do senhor de engenho.[1]
Fonte:DA SILVA, A. R.: A valorização e o resgate do patrimônio histórico-cultural de Santo Amaro a partir da revitalização do Museu do Recolhimento dos Humildes.(Monografia, Centro Universitário da Bahia)
Constanca Queiroz foi aluna do Instituto Casa da Photographia