Arquitetura do tempo
Nascido em Salvador numa manhã de julho da década de 1980, sempre me interessei por arte. Na infância, entre um desenho e outro, tentava imitar os acordes tocados pelo meu pai ao violão. Hoje, tímido e reservado, não abre mão de uma câmera e uma guitarra. O que mais é preciso para a felicidade?
Uma foto.
A silhueta de uma mulher, acompanhada de sua expressiva sombra, passando embaixo de um viaduto, capturada pela lente de Cristiano Mascaro, foi o gatilho que despertou o interesse pela fotografia moderna brasileira. A partir daí, ao conhecer imagens produzidas por Thomaz Farkas e Gaspar Gasparian, por exemplo, aos poucos, me senti cada vez mais atraído pelas abstrações geométricas, pelo grafismo, pelo enquadramento incomum, pelo contraste entre claro e escuro tão evidentes no trabalho dos modernistas brasileiros.
Admirador dos antigos film-noir da década de 1940, me identifiquei facilmente com o charme da fotografia em preto e branco. A atmosfera sombria de filmes como “O Terceiro Homem”, de 1949, dirigido por Carol Reed e estrelado por Orson Welles e Joseph Cotten, por exemplo, é uma das referências quando fotografo silhuetas ou arquitetura.
A arquitetura é uma das grandes matérias-primas para a fotografia moderna brasileira, portanto, a maior parte das minhas imagens foram produzidas em centros urbanos. Em viagem ao Distrito Federal, tive a oportunidade de fotografar a obra de Oscar Niemeyer. Além de Salvador e Brasília, tenho como objetivo de longo prazo, viajar para outros centros urbanos para continuar o desafio de tornar o concreto abstrato.
Além da fotografia moderna, tenho apreço especial à fotografia humanista de Henri Cartier-Bresson, pelas incríveis paisagens de Ansel Adams e o humor de Elliott Erwitt, para citar alguns.
Jaílson Anjos foi aluno do Instituto Casa da Photographia









